quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Os livros e cadernos, aos poucos, estão sendo substituídos por tablets. O quadro negro, que depois ficou branco, agora é digital. As aulas podem ser assistidas a distância. E a tarefa de casa pode ser feita numa rede social. O que antes parecia coisa de filme futurista tornou-se realidade.
A tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, assim como na educação. Antes de isso tudo tornar-se tão evidente, o filósofo francês Pierre Lévy já defendia a teoria da inteligência coletiva e da cibercultura. Para ele, estamos vivendo o início de uma transformação cultural, em que a forma de construir o conhecimento é colaborativa. Lévy explica que os educadores precisam mergulhar na cultura digital, para compreender o universo dos estudantes. Além disso, ele salienta que os professores devem usar as ferramentas virtuais em benefício da educação, explorando suas singularidades e dando mais espaço para que os estudantes participem mais ativamente do processo de ensino-aprendizagem. Durante o V Congresso Internacional Conexão RCE (Rede Católica de Educação), realizado em Brasília, o filósofo conversou com a revista Gestão Educacional sobre as mudanças que precisam ser aplicadas na educação.
Gestão Educacional: Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado no cenário econômico mundial. Infelizmente, no aspecto educacional, a situação está longe do patamar dos países desenvolvidos. Como educar para o futuro nesse cenário?
Pierre Lévy: Fico impressionado como os brasileiros têm uma ideia negativa do seu próprio país. Primeiramente, o Brasil está se transformando na quinta potência econômica do mundo, com uma taxa de crescimento muito elevada. Sim, tem analfabetismo, mas, apesar disso, há um esforço importante focado na educação. E sempre que eu venho para cá, vejo uma porção de profissionais focados, esforçados para trabalhar com educação, da educação infantil ao ensino médio. São pessoas que têm a consciência de que o futuro está nesse investimento em educação e em conhecimento. Então, não fiquem desesperados. Continuem com esse entusiasmo extraordinário que vocês têm. Claro, há problemas. E nós temos que resolvê-los com as ferramentas de hoje e com a visão do futuro. As pessoas precisam acreditar no hoje. E muitos professores têm essa visão.
Gestão Educacional: Quais são as dificuldades de usar ferramentas digitais em sala de aula?
Pierre Lévy: Não há obstáculos. Todos os estudantes têm uma habilidade extraordinária para usar esse tipo de ferramenta. Agora, os professores têm que conhecer tão bem quanto as crianças. Sobretudo, isso tem que ser utilizado numa ótica de aprendizagem colaborativa. Eu acredito que o professor precisa se capacitar, porque ele só pode ensinar aquilo que ele domina. Eu não acredito na formação do professor apenas para usar as redes sociais. O professor também tem que se esforçar. Utilizar isso para si próprio. É só uma questão de entrar nessa cultura. E de implementar o know-howpedagógico utilizando essas ferramentas.
Gestão Educacional: Podemos dizer, então, que a forma de ensinar mudará nos próximos anos?
Pierre Lévy: Sim, estamos no início de uma grande transformação cultural. Hoje, nós podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo. O banco de dados da internet funciona como uma biblioteca única de todo o mundo. E nós podemos usar essas informações, que podem estar em outros idiomas, porque já há ferramentas que traduzem tudo para nós. Esses três processos eu chamo de ubiquidade, interconexão e manipulação automática de símbolos. Essa é a nova situação que vivemos. Isso está ligado à educação, porque temos que preparar os alunos para essa nova realidade. Mas temos que nos preparar antes de ensinar.
Gestão Educacional: E o que seria a gestão da atenção? E como ela contribui para diminuir a chamada sobrecarga cognitiva?
Pierre Lévy: A gestão da atenção não é algo que começou com as ferramentas digitais. A disciplina mental, aprender a concentrar-se, é algo que sempre foi útil e que deve também ser aplicado com essas ferramentas. Não é possível estar diante de uma tela de computador e, de uma hora para outra, esquecer o que se está fazendo e ir fazer outra coisa, de qualquer jeito. Diante do computador, é necessário controlar a sua mente e se concentrar num objetivo de aprendizagem e de colaboração. A sobrecarga cognitiva é realmente um problema falso porque é o mesmo que dizer que há livros demais em uma biblioteca. Muitos livros não provocam uma sobrecarga cognitiva. Você aprende a utilizar os arquivos da biblioteca, as fichas, a escolher um livro mais adequado com seu objetivo e você lê esse livro. A gente não vai começar a ler a primeira página, depois buscar outro livro. Na plataforma on-line acontece o mesmo. É a responsabilidade pessoal que faz a diferença.
Gestão Educacional: Mas muitos professores reclamam que os alunos ficam dispersos diante do computador ou do celular.
Pierre Lévy: Bom, eu também tenho alunos e quando eu dou aula, eles ficam olhando para o celular também. Eu sou super severo. Eu proíbo que eles olhem o celular durante a aula. Mas, em certo momento da aula, eu digo: “pronto, agora vocês podem olhar o celular”. E todos eles olham. Eu também passo um exercício. Eles podem “tuitar” alguma coisa ou eles têm que buscar alguma coisa no Google, no Wikipédia. Depois eu digo que acabou e é hora de desligar o computador e desligar o telefone. A gente precisa aprender quando ligar e desligar o aparelho, utilizando-o conscientemente. É um domínio de si próprio, uma disciplina. E essa disciplina já tem que ser ensinada desde a escola primária.
Gestão Educacional: Algumas escolas já usam o tablet como material obrigatório, substituindo livros e cadernos. Até que ponto é indispensável que cada aluno tenha o seu computador em sala de aula?
Pierre Lévy: É muito difícil manter as antigas ferramentas de leitura e de escrita durante muito tempo. Então, daqui a alguns anos, eu prevejo que o material escolar de hoje será substituído por tablet. Mas não o tablet de hoje, mas o tablet de amanhã, no qual nós teremos todos os manuais didáticos, as ferramentas de escrita, de pesquisa. Um tablet como ferramenta de trabalho. Um tablet que permita fazer anotações nas margens de livros. Coisas assim que ainda são um pouco difíceis hoje em dia. Vai ser algo mais leve e, possivelmente, até custe mais barato. Agora, uma sala de aula é difícil imaginar. A gente nem sabe como vai ficar essa noção de sala de aula completamente. Porque são questões muito complexas. Isso é um processo em curso.
Gestão Educacional: Em vários estados brasileiros, os professores estão recebendo computadores ou tablets. O que o senhor acha disso?
Pierre Lévy: Isso é muito bom. A gente não pode ensinar aquilo que a gente não sabe. Não dá pra ensinar se a gente não domina.
Gestão Educacional: As novas tecnologias podem prejudicar?
Pierre Lévy: Não. As novas mídias não têm impacto negativo. O impacto negativo acontece quando as pessoas estão expostas a coisas negativas. O problema não é a internet. É a falta de disciplina mental. Seria o mesmo que dizer que as estradas são malvadas porque matam gente. Não, na verdade são as pessoas que dirigem mal.
Gestão Educacional: Mas alguns alunos hoje já têm dificuldade de escrever, porque lidam mais com a digitação.
Pierre Lévy: Aprender a escrever é importante, claro. O que ocorre é o mesmo [que acontecia] quando as pessoas começaram a ter calculadoras. Antes, todos faziam o cálculo mental. Hoje, ficam sem saber se não tiverem a calculadora do lado. No futuro, a maioria das pessoas vai escrever e ler com essa nova ferramenta.
Gestão Educacional: Como o senhor usa as redes sociais com os seus alunos?
Pierre Lévy: Por exemplo, todos os meus alunos têm Facebook. Mas geralmente eles não conhecem a funcionalidade grupo. O que fazemos é o seguinte: formamos um grupo e, a cada semana, cada um tem que postar alguma coisa. Um vídeo, um link relacionado ao tema da aula. Os outros têm que ler o que o colega enviou e comentar, discutir junto. Então, eles alimentam o grupo e eles aprendem a discutir. Se um postar alguma coisa que o outro já postou, ele fica com uma nota ruim porque significa que ele não prestou atenção nos outros. Também não pode fazer uma pergunta que já foi respondida. Eu tento ensinar a economia na comunicação para que não percam tempo. São coisas assim, que se tornam úteis.
Gestão Educacional: Isso seria a inteligência coletiva?
Pierre Lévy: Sim. A própria internet é uma memória de produção coletiva. De certa forma, isso sempre existiu, porque o que conhecemos hoje é uma herança do que já foi feito. A escola do futuro será a escola social, onde a aprendizagem será colaborativa. Não é que a escola de hoje deixará de existir. É uma camada que complementa a outra. Logo, temos que educar visando esse novo comportamento, através de uma pedagogia de aprendizagem coletiva permanente.
Gestão Educacional: E como os professores podem orientar os alunos?
Pierre Lévy: Primeiro, devem ensinar sobre responsabilidade social para a memória coletiva. Tudo o que você posta na internet contribui para a memória coletiva. Segundo, é preciso ter um espírito crítico. Os alunos devem saber separar as fontes boas e as fontes ruins, porque um mesmo evento pode ser contado de diversas formas. Depois vem a gestão da atenção, como já citei. Outra coisa importante é a necessidade de produzir para assimilar. É a transformação da informação em conhecimento.
Gestão Educacional: Como serão os alunos do futuro?
Pierre Lévy: Serão pessoas criativas, abertas, colaborativas e, ao mesmo tempo, terão a capacidade de se concentrar, porque terão uma mente disciplinada. É necessário ter um equilíbrio entre dois aspectos: o primeiro é a imensidão de informações, contatos, colaborações. O outro é o aspecto de planejamento, realização de projetos, disciplina mental.

Matéria publicada na edição de fevereiro de 2013 da revista Gestão Educacional. 
http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/reportagens/entrevistas/115-internet-e-escola-de-maos-dadas

domingo, 20 de outubro de 2013

Alpha

Pacto leva mais de 318,5 mil professores às salas de aula

Quarta-feira, 16 de outubro de 2013 - 19:02
Alfabetizar crianças na idade certa: pacto prevê a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores, com investimento inicial de R$ 2,7 bilhões (foto: João Neto/MEC)O Pacto pela Alfabetização na Idade Certa levou para as salas de aula 318.507 professores alfabetizadores, que lecionam a turmas do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental nas redes públicas do país. Esses educadores iniciaram a formação continuada em 2013 e vão estudar até o fim do próximo ano.

O pacto, lançado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, em novembro de 2012, é um compromisso para alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade. A adesão de estados, Distrito Federal e municípios é a forma de alcançar o objetivo. O compromisso envolve e mobiliza educadores, universidades e secretarias de educação em todo o território nacional. O investimento inicial é de R$ 2,7 bilhões.

O principal eixo do pacto é a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores. De acordo com o Censo Escolar de 2012, esses educadores estão distribuídos em 108 mil escolas públicas e em 400 mil turmas de alfabetização. Quanto ao número de crianças dos três primeiros anos do ensino fundamental, o Censo informa que são 9,4 milhões.

Dados da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação, computados na última terça-feira, 15, mostram que os cursos já começaram em 5.420 municípios dos 26 estados e no Distrito Federal. São cursos presenciais, com duração de dois anos. No primeiro ano de formação, a ênfase é a linguagem; no segundo, matemática.

Tarefas — Os signatários do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa dividem responsabilidades e tarefas. Cabem ao Ministério da Educação os encargos das bolsas de estudos de R$ 200 mensais para os alfabetizadores e das demais bolsas — para os educadores das universidades envolvidos na formação, coordenadores do pacto nas unidades federativas e municípios e professores orientadores de cursos nos municípios. Também é atribuição do MEC providenciar, produzir e distribuir o caderno de formação dos professores e enviar material didático, paradidático, dicionários e obras literárias às escolas que tenham turmas de alfabetização. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) promoverá avaliações anuais e universais do desempenho das crianças do terceiro ano do ensino fundamental.

É responsabilidade das instituições públicas de educação superior que aderiram ao pacto — 31 universidades federais e sete estaduais — coordenar, supervisionar e qualificar os professores formadores. Para a execução dessas tarefas, o MEC assegura bolsas mensais de R$ 2 mil para o coordenador-geral da instituição; R$ 1,4 mil para o coordenador-adjunto; R$ 1,2 mil para o supervisor e R$ 1,1 mil para o professor formador.

As tarefas dos estados, Distrito Federal e municípios que firmaram o compromisso são as de criar condições para que os alfabetizadores tenham formação continuada, designar coordenadores das ações do pacto em âmbito estadual e municipal e selecionar alfabetizadores experientes em cada rede para orientar os cursos. O MEC garante bolsa de estudos de R$ 765 para o coordenador das ações do pacto nos estados, no Distrito Federal e nos municípios e do mesmo valor ao professor orientador do curso — esse professor é o alfabetizador mais experiente da rede. Dados da SEB relativos a outubro deste ano mostram que 15.962 professores orientadores estão em atividade no país.

As escolas também têm responsabilidades no Pacto pela Alfabetização na Idade Certa. Elas devem liberar os professores para a formação, presencial, e fazer a avaliação diagnóstica anual das turmas de alfabetização.

Material — Este ano, alfabetizadores e escolas receberam coleções de material didático, paradidático e literário. Para apoiar a formação continuada dos professores, o MEC distribuiu 4,6 milhões de cadernos, elaborados sob a coordenação da Universidade Federal de Pernambuco. As escolas receberam 26,5 milhões de livros didáticos, 4,6 milhões de dicionários e 17,3 milhões de obras paradidáticas. Para o cantinho da leitura, obrigatório em cada sala de alfabetização, foram enviadas 10,7 milhões de obras literárias. A primeira remessa contou com 75 títulos, divididos em três acervos, um para cada ano da alfabetização. Em 2014, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) vai reforçar os cantinhos de leitura com seis novas coleções, cada uma com 35 livros, num total de 210 títulos.

Prêmio — Para incentivar os professores a fazer a formação e a melhorar os índices de alfabetização das crianças, o governo federal prometeu a distribuição de prêmios em dinheiro aos educadores e escolas que mostrarem avanços. Em 2014, serão distribuídos R$ 500 milhões em premiações.

Ionice Lorenzoni






Palavras-chave: alfabetização, idade certa, ensino fundamental, pacto

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Valorizar o professor, a lição que nunca fizemos
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Daniel Cara

Daniel Cara

Começo minha coluna no UOL na ocasião do Dia do Professor, 15 de outubro. Não há dúvida de que é o momento mais oportuno para iniciar qualquer trabalho na área de educação. As pesquisas nacionais e internacionais e as experiências bem-sucedidas de sistemas educacionais ao redor do mundo e no Brasil mostram que a qualidade da educação é, em grande medida, resultado da valorização social do professor. E no caso brasileiro é ocioso dizer que vamos mal.
Embora as diversas iniciativas e o consenso sobre sua centralidade, o que impede a valorização docente? Em grande medida, o entrave é orçamentário. O Brasil conta com mais de 2 milhões de educadores sub-remunerados atuando na educação básica. Recentemente, os 27 governadores entregaram ao Governo Federal uma nova fórmula de cálculo para reajuste do piso salarial nacional do magistério, que atualmente é de R$ 1.567. Segundo a proposta dos governantes estaduais, o piso passaria a ter valorização real, acima da inflação, na ordem de 0,5% a 2%. Já proposta elaborada pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, pela CNTE e pela Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação) geraria uma valorização real de 2,5% a 4%. 
A questão é mais complexa do que parece. Em lugar dos governadores se submeterem ao Palácio do Planalto, pedindo apoio à sua proposta, deveriam exigir que o Governo Federal cumprisse com o disposto no primeiro parágrafo do artigo 211 da Constituição Federal: cabe a União colaborar técnica e financeiramente com Estados, Distrito Federal e municípios para o alcance de um padrão mínimo de qualidade. Não há dúvida de que o piso do magistério compõe esse mínimo denominador comum, a qual nenhum educador deve receber menos.

PROJETOS DE VALORIZAÇÃO

Cientes da centralidade da questão docente, movimentos educacionais e pesquisadores têm tratado do tema da valorização do professor.
A Campanha Nacional pelo Direito à Educação, na Semana de Ação Mundial de 2013, trouxe como lema"Nem herói, nem culpado, professor tem de ser valorizado". Aqui no Brasil é exemplar o trabalho empreendido pela Anfope (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação) e pelo Gestrado (Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente).
No âmbito latino-americano, a ONG Ação Educativa anima a comunidadeVozes da Educação e também há aRed Estrado. Em meados de setembro desse ano, a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) foi anfitriã do encontro do Movimento Pedagógico Latino-americano.
Colaborei com nota técnica recente elaborada pela Fineduca (Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação). Nela, o professor José Marcelino de Rezende Pinto (USP/Ribeirão Preto), a partir do estudo do CAQi (Custo Aluno-Qualidade Inicial),  mostra que faltam R$ 46,410 bilhões para a universalização plena do piso do magistério e a consagração de uma política de carreira em todo o país, além de um padrão mínimo de qualidade a partir de insumos. Contudo, esse é o cálculo para as matrículas atuais. Ainda temos mais de 3,7 milhões de crianças e adolescentes fora da escola, quase 14 milhões de analfabetos e precisamos de mais 3,4 milhões de vagas em creches para matricular apenas metade das crianças de 0 a 3 anos.
Claro que governadores e prefeitos precisam fazer sua parte e não devem se eximir de suas responsabilidades, esperando que o Palácio do Planalto cumpra com sua obrigação constitucional. Mas é fato que a federação brasileira é injusta e desigual. Segundo dados de 2010 do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, a União retém 57,1% dos recursos disponíveis arrecadados, sobrando 24,6% para os 26 Estados e para o Distrito Federal e apenas 18,3% para os mais de 5.565 municípios. No entanto, conforme informações de 2009 do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), último ano em que foi feita essa comparação, a cada R$ 1 público investido em educação, Estados e o Distrito Federal despenderam R$ 0,41, os municípios investiram R$ 0,39 e a União colaborou com só R$ 0,20. Portanto, o Governo Federal arrecada bastante, mas contribui muito pouco com a educação, especialmente com a educação básica - e o mesmo ocorre com a política de saúde!
O salário e a carreira são pressupostos para uma efetiva valorização docente, mas não encerram a questão. A professora Magda Soares (UFMG), no encontro do Grupo de Trabalho de Alfabetização da Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação), defendeu que não basta o Brasil pensar políticas de formação continuada. É preferível trabalhar com a perspectiva de desenvolvimento profissional.
Hoje muitas políticas de formação continuada, ao não dialogarem com a realidade das escolas, com a categoria e com os pesquisadores da área, têm partido do pressuposto de que o professor não sabe. Ele teve uma formação inicial frágil, inadequada, pouco orientada aos desafios de sala de aula. E isso precisa ser corrigido. Nesse contexto, as políticas de formação continuada também não funcionam, pois têm sido implementadas como formação "descontinuada", ou seja, por meio de ações dispersas, às vezes repetitivas. Tratar o professor como um profissional desprovido de conhecimento não colabora para seu aperfeiçoamento. Ou seja, é preciso compreendê-lo como um profissional, que deve construir uma trajetória crescente de desenvolvimento de sua profissão, aproveitando seus saberes e estimulando-o a adquirir outros, por meio da reflexão sobre sua prática.
Enfim, para universalizar o direito à educação pública de qualidade, o Brasil precisa fazer o básico: tratar o professor como um profissional, respeitando-o como um profissional e, a partir daí, exigindo dele o que se exige de um profissional. Soluções baseadas na descoberta de variáveis mágicas, falsamente determinantes para a qualidade da educação, continuarão a afastar o Brasil do caminho racional e concreto: é preciso encarar com seriedade e honestidade a valorização dos profissionais da educação.
(***)
Em princípio esta coluna terá atualizações semanais, às segundas ou terças-feiras. Os textos se dedicarão à educação, especialmente às políticas públicas educacionais. Em caso de necessidade, haverá mais de um texto por semana.

DANIEL CARA

Coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação desde junho de 2006. É bacharel em Ciências Sociais e mestre em Ciência Política pela 'Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas' da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). É membro titular do Fórum Nacional de Educação.

Aluna potiguar é finalista no concurso "Outras Vozes" da Câmara dos Deputados


As equipes do portal infantil Plenarinho, da TV Câmara e da Rádio Câmara anunciaram o resultado do concurso "Outras Vozes", promovido para despertar nas crianças e jovens de 10 a 18 anos o interesse pela participação política e cidadã. 

O Rio Grande do Norte está presente entre os finalistas com a aluna Maria Eduarda Barbosa, de 18 anos, com o áudio "Recreio Alternativo: Política, o que você tem a ver com isso?" - 1ª colocada na categoria rádio - 15 a 18 anos. Eduarda, que foi aluna da Escola Estadual Santos Dumont, da cidade de Parnamirim, 2ª Dired, estuda hoje na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde cursa Direito.

Dentre os 30 inscritos, os que melhor responderam, em áudio e em vídeo, à pergunta "Política: o que você tem a ver com isso?" serão premiados com tablets e certificados. Os vencedores das demais categorias foram:
  • Thais Aquino Lima, 3 anos, com o vídeo "Uma tal de política" - 1ª colocada na categoria vídeo – 10 a 14 anos.
  • Carla Lujan,16 anos, com o vídeo "Arquivo política" - 1ª colocada na categoria vídeo - 15 a 18 anos.
  • Kimberley Cunha Dias, 14 anos, com o áudio "Política, o que você tem a ver com isso?" - 1ª colocada na categoria rádio - 10 a 14 anos.

sábado, 28 de setembro de 2013

SER PROFESSOR POR MESSIAS TORRES



Messias TorresNuma aula de filosofia na escola onde leciono, um(a) aluno(a), estupidamente, diz que o professor viria à sua sala “conversar besteira”. Ouço tais palavras – indignas, reflexos da mais pura deseducação recorrente entre nós - como algo intimamente cortante, embora contente-me saber que um percentual positivo compreende o inarredável mérito do ofício a que me proponho e em que “aventuro-me”, assim como o faz meus pares. Por várias vezes, já presenciei desacatos similares contra colegas. O fato é que, intencionalmente ou não, atos assim revelam algo preocupante. Lembremos, portanto, que isso ocorre em qualquer instituição educativa, em qualquer lugar deste país... do futebol, do carnaval, da bunda, da cachaça. Da educação? Talvez ainda não seja.  

De mim, se o quiser, o aluno em questão tem as mais serenas desculpas, posto que não existe uma “culpa” exclusivamente individual. Um estudante desrespeitoso é sempre produto de um sistema denominado: “cadê a educação?” Em todo caso, aprendo a lição de extrair o bem contido onde aparentemente não há e assim o faço por esta ponderação que segue.  

Pensemos um pouco...  
Então, ser Professor é ser “besta”? Ser um profissional Educador (vilipendiado pelo Estado, ignorado pela mídia, pouco reconhecido socialmente, é ser “besta”? Então, integrar uma categoria comprometida com o progresso de uma nação composta por milhões de não-educados, de marginalizados, de humanos historicamente negados, enfim, é ser “besta”? Digam-me!  
Temos graduação, pós-graduação, aperfeiçoamentos. Estudamos, planejamos, nos esmeramos por fazer o melhor. SOMOS PROFISSIONAIS! RESPEITEM-NOS!!! 
Nos dias atuais, lecionar não me parece ser uma profissão “na moda”; parece-me estar sendo vista apenas como uma atividade “qualquer”. Parece-me que, para uma multidão de “estudantes” ávidos por “notas”, educar(se) efetivamente já não faz tanto sentido. Parece que, para esta multidão, conseguir um ‘diplominha’ basta. E conseguem. Se for por aptidão, parabéns. Se não, pêsames é o que resta a ser dito. E, dado motivo de “pêsames”, um diploma para quê? E a competência? Quem responderá por ela?  

É como se o saber estivesse à venda ao preço de ser “aprovado”, apenas. É como se o aprender não fosse essencial ao sucesso em qualquer dimensão do ser humano. Ingênuos. 
Improfícua, cambaleante Instituição escola. Com efeito, apenas os dedicados obtêm êxito. 
Ah! Como eu - Professor - queria ser convencido do contrário... Como seria nobre habitar uma sociedade da educação... Mas como? Por acaso, algum “representante” do otimismo simplista pode, por a + b, provar meu eventual senso hiperbólico? Existe uma importância conferida à escola, à família, aos princípios fundamentais da vida social e humana, tais como respeito, tolerância? 

E não me venham dizer de pessimismo! Não me venham alardear hipocrisia! Pessimistas não têm metas, não alimentam sonhos consigo. Pessimistas não trabalham todos os dias por desejarem e acreditarem o progresso. Pessimistas não têm vocação para voluntariado; não atuam em prol da coletividade. Sou, sim, otimista e exatamente por isso é que penso, reflito, busco compreender o mundo mediante os atos que levo a feito. 

Às vezes, imagino que talvez não devesse ser assim. Talvez devêssemos abdicar de sermos despertos. Talvez devêssemos continuar “sonhando” (fantasiando) com uma escola e uma sociedade boas - aquelas incansavelmente imaginadas pelas pessoas de bem. Isso será possível, creio, após as revoluções necessárias. Ante tudo, confesso que não consigo, tampouco quero que me façam “dormir” em nome deste tal “sonho”. Existo acordado e prefiro “olhos abertos”, enquanto cumpro em ser Professor e demais responsabilidades que me compete. Meu real sonho neste cenário é de que eu nunca “durma”. 

  Respondam-me, então, o que é ser sábio! Ser sábio é ser ignorante? É ser fatalmente alienado? É desacatar seus Mestres - profissionais, cidadãos? Ser sábio é ser vítima e algoz de valores pífios de uma sociedade doente, que mata, que morre, que perpetua as misérias, que violenta a si mesma?   
À parte ignominiosa que não respeita Docentes, peço que perdoe-nos por não pactuarmos da mediocridade que lhes acomete. Perdoe-nos por não andarmos em seu caminho retrógrado, sem rumo.  

Somo a integridade de Ser Professor e jamais desvio disso! 

Por Messias Torres 

Professor / Poeta / Radialista 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Vaca que Botou um Ovo

BOM DIA ,TODAS AS CORES (RUTH ROCHA) - HISTÓRIA NARRADA

É muito proveitoso, muita coisa se aprende nesses cursos. Se pudesse faria todos!!

Formações a distância do Instituto Ayrton Senna
terça, 17 setembro 2013, 10:22
 

Inscrições abertas! Vagas limitadas!

Formação: 'Pesquisa em sala de aula: o uso da internet na Educação'.

Público-alvo: Professores do Ensino Fundamental II que estão atuando em sala de aula, pois nossa proposta prevê a aplicabilidade prática junto aos alunos durante o período da formação.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013


Escutar música durante estudo melhora aprendizado, aponta pesquisa

Do UOL, em São Paulo

Segundo pesquisa britânica, escutar música durante o estudo pode melhorar o desempenho dos alunos. Para atingir bons resultados, o estilo de música deve ser selecionado conforme a disciplina a ser estudada.
A pesquisa mostra que os estudantes que escutaram música clássica durante seus estudos tiveram um desempenho em média 12% melhor em suas provas de matemática. O estudo foi financiado pelo serviço de música online Spotify.
"A melodia e a escala tonal em músicas clássicas, como 'Fur Elise' de Beethoven(60-70 batidas por minuto), ajudou os alunos a estudarem por mais tempo e a reterem mais informação", afirma a psicóloga Emma Gray ao jornal britânico Metro. "Músicas nessa escala induz a um estado de relaxamento em que a mente está calma, mas alerta. A imaginação é estimulada e a concentração ampliada. Isso é o que melhora o aprendizado."
Para quem estuda ciências, humanidades e línguas, canções pop como Miley Cyrus e Justin Timberlake são adequadas.
"O lado esquerdo do cérebro processa informações factuais e resolve problemas, que são as habilidades necessárias para quem estuda essas áreas", afirma. "Ouvir música com 50-80 batidas por minuto, como 'We Can't Stop', de Miley Cyrus, e 'Mirrors', de Justin Timberlake tem um efeito calmante que conduz o cérebro ao pensamento lógico, o que permite à mente aprender e lembrar fatos novos", disse a pesquisadora ao Metro.
Para estudantes de arte e teatro, a pesquisadora sugere que escutem rock e música pop. "Canções como 'Firework', de Katy Perry, e 'I Can't Get No (Satisfaction)', dos Rolling Stones, produzem um estado de excitação da mente que estimula a performance criativa"

domingo, 8 de setembro de 2013

Confira!!!http://existepsicologiaemsp.blogspot.com.br/2013/09/mec-disponibiliza-62-titulos-gratis-da.html?goback=%2Egde_3437724_member_271902795#%21

domingo, 1 de setembro de 2013

O que você precisa saber sobre a educadora Maria Montessori...

PEDAGOGIA

Maria Montessori

Segundo a visão pedagógica da pesquisadora italiana, o potencial de aprender está em cada um de nós

01/07/2011 19:28
Texto Márcio Ferrari
Nova-Escola
Foto: Wikimedia Commons
Foto: Maria Montessori priorizava os anos iniciais de aprendizado
Maria Montessori priorizava os anos iniciais de aprendizado
"A tarefa do professor é preparar motivações para atividades culturais, num ambiente previamente organizado, e depois se abster de interferir"  Maria Montessori

1808Pensadores da educação
Conheça séculos de reflexões sobre o ofício de educar

Maria Montessori nasceu em 1870, em Chiaravalle, no norte da Itália, filha única de um casal de classe média. Desde pequena se interessou pelas ciências e decidiu enfrentar a resistência do pai e de todos à sua volta para estudar medicina na Universidade de Roma. Direcionou a carreira para a psiquiatria e logo se interessou por crianças com retardo mental, o que mudaria sua vida e a história da educação. Ela percebeu que aqueles meninos e meninas proscritos da sociedade por serem considerados ineducáveis respondiam com rapidez e entusiasmo aos estímulos para realizar trabalhos domésticos, exercitando as habilidades motoras e experimentando autonomia. Em pouco tempo, a atividade combinada de observação prática e pesquisa acadêmica levou a médica a experiências com as crianças ditas normais. Montessori graduou-se em pedagogia, antropologia e psicologia e pôs suas idéias em prática na primeira Casa dei Bambini (Casa das crianças), aberta numa região pobre no centro de Roma. Depois dessa, foram fundadas outras em diversos lugares da Itália. O sucesso das "casas" tornou Montessori uma celebridade nacional. Em 1922 o governo a nomeou inspetora-geral das escolas da Itália. Com a ascensão do regime fascista, porém, ela decidiu deixar o país em 1934. Continuou trabalhando na Espanha, no Ceilão (hoje Sri Lanka), na Índia e na Holanda, onde morreu aos 81 anos, em 1952.